No início de 2016, fui convidada a realizar uma oficina de Origami na 5ª. Semana da Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento de Guarulhos.
Como era o ano do Macaco de Fogo, tentei várias formas de confecciona-lo. Consegui 4 tipos de macacos, 2 com filhotes, feitos em uma única folha de papel 15 x 15 cm. Foi uma conquista.
Essa arte oriental me fascina há vários anos pois, através da simples dobra de papel podemos exercitar: atenção, concentração, foco, memória, coordenação motora fina, visão espacial, criatividade, paciência e, acreditem, existem médicos que recomendam a prática para diminuição do stress e da ansiedade.
E não requer nada, além de um pedaço de papel de forma definida: quadrado, retângulo, triângulo e nossas mãos. Nesta época de tanta tecnologia, o único aplicativo que precisamos são os nossos dedinhos criativos.
Ao preparar a apresentação, com um pouco de história e teoria, me deparei com questões tocantes, principalmente, no que diz respeito à figura do grou, ou garça, representado pelo tsuru, ave símbolo do origami.
É uma ave peculiar, com uma coroa vermelha no alto da cabeça. Além de ser cultuada em casamentos, por se tratar de uma ave monogâmica, há também festivais e danças típicas para ela.
E, vejam que interessante, estampa até cédulas de dinheiro.
Cura e Paz
E reza a lenda que a confecção de 1.000 tsurus promove a cura, além da paz. Haja visto a história de Sadako Sasaki que, vítima da irradiação da bomba atômica durante a guerra, mobilizou seus amigos que, após sua morte, construíram um monumento símbolo da paz, com a sua figura nas asas do tsuru.
É muito peculiar observar que esse episódio, além de fazer parte das tradições do país, também une dois eventos totalmente antagônicos: guerra e dobradura de papel.
Mas, o mais rico mesmo, é a descoberta de como um movimento tão simples como a dobra de um papel pode gerar tantos reflexos:
- Superamos um desafio ao perceber que conseguimos e que, de nossos dedos, podem brotar figuras lindas;
- Exercitamos a memória e a concentração o tempo inteiro, além das atribuições mencionadas acima, para conseguir a sequência certa das dobras.
- Podemos colocar nossa intenção ao confeccionar a figura: dar um presente feito por nós mesmos para alguém, ensinar quem quer aprender, mentalizar a cura de alguém, etc.
Há uma certa magia na prática e, acredite, quando a gente “briga com o papel” porque a dobra não está saindo conforme o previsto, acabamos perdendo essa briga, pois ele amassa todo e não forma a figura desejada.
É preciso serenidade e harmonia interna para que as figuras surjam corretas e lindas.
Eu gosto de pensar que é uma “meditação ativa”, pois permanecemos no Presente, no Aqui e no Agora o tempo todo.
Em meu canal do Youtube, fiz algumas demonstrações mas, caso haja interesse, recomendo fortemente que se procure por figuras básicas e tente confecciona-las.
Há uma infinidade delas no próprio Youtube. A prática pode surpreender se você se aventurar a se concentrar e focar no papel… de origami.
Autoria: Helena Siqueira